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Judeu ortodoxo teve barba raspada e foi alvo de insultos de cunho nazista em cadeia.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

/ by Admin
Publicado em 24 de agosto de 2009
Um judeu ortodoxo de 56 anos se diz traumatizado. “Eu fiquei muito mal, pensando no que os alemães fizeram com os judeus, 60 anos atrás. E isso é o que eles fizeram comigo agora no Brasil”, desabafa.

Engenheiro elétrico com passaporte americano, ele afirma ter saído da Alemanha no dia 6 de julho, para visitar amigos em São Paulo. Assim que passou pelo desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, foi preso.

A polícia descobriu que ele carregava, no casaco e no colete, itens valiosos não declarados, como joias, diamantes e relógios caros.

O engenheiro passou três dias detido na Policia Federal, no Aeroporto de Guarulhos e, então, foi levado para um centro de detenção provisória, onde, segundo ele, depois de passar por uma triagem, teria sido vítima de intolerância religiosa.

Ele diz que um carcereiro atirou no chão a quipá - um pequeno chapeu obrigatório para todo judeu ortodoxo. "Ele, então, começou a falar com um colega que estava ao lado, rindo de mim. Depois, eles falaram ‘heil Hitler’", conta. "Heil Hitler", "salve Hitler", é a mais conhecida saudação nazista da época do Holocausto.

O engenheiro diz que, depois da insultá-lo, os carcereiros encontraram em sua bagagem dois objetos religiosos, o talit e o tefilin, e os atiraram no chão. Os acessórios são sagrados. “Quando uma pessoa se envolve com o talit, nessa hora, ele está lembrando que tem que cumprir os 613 mandamentos de Deus. Quando um judeu coloca o tefilin de manhã, é a conexão dele com Deus”, explica o rabino Richard Tamezgui.

Mas o pior ainda estava por vir. “O carcereiro me perguntou há quanto tempo eu tinha a barba. Eu disse que tinha desde que ela começou a crescer. Ele respondeu, então, que a partir daquele dia, eu não vai ter mais barba”, lembra.

O engenheiro diz que o puseram em uma cadeira, algemado nas mãos e nos pés. Em seguida, sua barba foi complemente raspada.

“Consta na nossa torá, que é a nossa bíblia, que é proibido você destruir parte de sua barba. De acordo com a cabala, a parte mística do judaísmo, através da barba, nós recebemos as benções divinas”, explica o rabino.

Também foram cortados os cachos que ele mantinha desde que nasceu, e que simbolizam devoção a Deus. “Em alguns campos de concentração, a humilhação que fizeram com os judeus ortodoxos foi cortar a barba e zombar deles. Eu vejo isso como um ato antisemita, um ato isolado, mas um ato de desrespeito e humilhação a ele”, afirma o rabino.

”Sinto uma grande vergonha. Vou ficar sentado na minha casa sem sair, por um ano, até minha barba crescer”, afirma o engenheiro.

A Secretaria de Administração Penitenciária disse, em nota, que não houve agressões físicas, morais ou psicológicas, mas que vai apurar devidamente o caso. Segundo a secretaria, os presos são tratados de forma padronizada e têm a barba e o cabelo cortados. Com relação ao americano, a secretaria alega ainda que a barba dele era muito longa, na altura do umbigo.

“É um procedimento padrão, mas que comporta exceções. Estes agentes praticaram alguns crimes, como abuso de autoridade e certamente o crime de racismo, ao incitar e praticar o preconceito contra a religião, a crença e a etnia”, destaca o advogado Augusto de Arruda Botelho.

Essa é a mesma opinião do juiz Sérgio Mazina Martins, especialista em direitos humanos e presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). “Você quer impedir o indivíduo de ter uma determinada barba, um determinado cabelo, quando na verdade isso para ele faz parte da sua cultura e da sua própria crença religiosa”, aponta.

Agora solto, o engenheiro usa barba postiça. Ele espera a Justiça decidir se poderá aguardar o andamento do processo na Alemanha, onde diz viver. “Quero ir para casa. Espero que eles não façam mais isso com judeus que querem manter sua barba”, diz.
Fonte: G1
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  1. Muito bem sr. engenheiro. Fazer tráfico pedras preciosas e sabe-se lá mais o quê não é uma atitude digna. Usar Deus para se disfarçar é abominável e indigno de quem se diz um religioso. Se fosse um cidadão negro da periferia ninguém iria lembrar dessa história. Hipócritas !

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